terça-feira, 17 de março de 2009

As minhas paixões

Olho pela janela do escritório, e vejo um conjunto de carros estacionados. O sol e o calor intenso logo pela manha a entrar por esta janela. E eu sinto-me como um passarinho preso numa gaiola.
Só prédios e mais prédios que não me deixam ver mais nada. Apenas o céu, porque este é demasiado alto para ser escondido. De repente, lembro-me de dois sítios, tão diferentes, mas onde eu desejava tanto estar. Aliás, todos os sítios menos aqui. Hoje o sol chama por mim noutros locais.
A praia e o campo, as minhas grandes paixões.
Deixo a minha mente viajar por uns instantes. Quando dou por mim estou sentada à beira mar. Hoje o mar está tão calmo que até apetece tocar. Sinto o ar tão fresco, na areia as gaivotas já lá andaram e deixaram as suas marcas.
Oiço o mar a respirar de forma tão suave. Quase ao meu lado, uma criança corre de um lado para o outro a sorrir, como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo e como se chamasse por mim para brincar com ela. Por ciúmes de um dia ter sido criança, arregaço as calças e lá vou eu pela praia.
Enquanto ando, lembro-me das conversas que já tive naquele sítio, as pessoas com quem já partilhei aquela tela tão real. De repente, o sol já se começa a aproximar do mar. Está cansado de brilhar todo o dia e precisa de se deitar. Dirigi-mo para o carro e lá, acabo de ver o sol a ir embora. Meto a música a tocar e despeço-me daquele momento, mas pelo menos com um sentimento de liberdade imensa. Vale a pena estar viva só para sentir isto, penso eu.
Para além do mar, tenho outra grande paixão, o campo. Mas não qualquer campo. Tenho saudades de estar naquela varanda, naquela aldeia, naquele sítio onde mora um turbilhão de sentimentos e onde eu consigo ser eu mesma. O sitio de onde vejo a serra. Aquele campo de onde logo de manha consigo ouvir o galo cantar, o pastor a passar com o seu rebanho, o senhor padeiro e a menina do peixe a passar com a sua carrinha e a dar sinal com a sua passagem.
Aquele sítio, onde trato as pessoas por tio, tia, primo, prima. Onde as pessoas vão envelhecendo, mas tem histórias e ensinamentos para partilhar. Consigo ouvir o cuco.
Enfim, coloco a bela da música para acompanhar aquele momento de paz e volto-me a sentir livre.
De repente volto à realidade. Lá estou eu sentada à frente de um pc (onde não há muito para fazer, só me resta esperar), a olhar por uma janela triste, onde a única coisa que, por vezes, se ouve e que transmite uma certa paz, é o riso das crianças a jogar à bola.

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